The eyes see true

Eu quero sumir, deixar de existir por completo. Apagar todas as minhas memórias e reconstruí-las, eu queria voltar no tempo e modificar as coisas. Terminar o que eu nunca terminei ou começar o que não devia ser terminado. Eu quero deixar de ter lembranças, tirar de mim toda a dor que elas me causam. Eu queria acabar com todos os sentimentos. Deixar de ser humana, deixar de sentir. Silêncio, apenas. Pois, quando eu escuto, eu sei que é apenas o pesar de todas as palavras que ecoam em minha mente, sem rumo. 

Eu iria dizer como eu procurei você em todos eles. Como senti sua falta e não fui te procurar. Como tentei enxergar os seus olhos e sentir as suas mãos macias e como tentei ouvir a sua voz, como tentei ver o seu sorriso, como tentei sentir, como tentei procurar você em outras pessoas, porque era você tudo o que eu queria. Eu iria dizer quantas vezes tentei não te querer e não pensar em você e quantas vezes tentei não tentar nada. Iria dizer quantas vezes lutei contra a minha vontade de ouvir sua voz e quantas vezes eu sorri, quando na verdade eu queria chorar. E quantas vezes dos meus lábios saiu um não, enquanto o meu coração gritava desesperado um sim. Quantas vezes me enganei, quantas vezes eu fingi. Eu tentei e continuo tentando. Quantas vezes eu morri de raiva e ignorei. E iria te dizer, que mesmo depois de tudo, o amor da minha vida continua sendo a mesma pessoa: aquela pessoa que eu conhecia e não reconheço mais.

       Os planos que um dia eu fiz, nunca deixarão de ser planos. Será tempo perdido, todos aqueles em que eu dediquei meu coração, meu corpo, minha alma e minha paixão a momentos que se foram e não voltam? Terá sido desperdício de vontade, de verdade, de viver? Tamanha força e agora nada. Grande era antes, por ser apenas. Agora é nada, pois não é tudo e nem tudo será. Ou, é? Nada com sentido é de grande verdade para mim. Pois, o não sentido do mundo alimenta a minha curiosidade e a minha vontade de viver. Eu tenho, eu possuo. Eu consigo deixar de sorrir e voltar a chorar. Contrário, talvez. Deixar de chorar e voltar a sorrir, então.  Sorrir, com os olhos. Com a alma e com o coração e não apenas com os lábios.          Se todo o tempo foi perdido, não há como saber. Não creio. Aliás, não quero acreditar. Tempo perdido não é. Tempo não se perde e nem se ganha. Tempo é infinito, incontável, invisível. Eu não o perdi. Ele continua aqui...

          Quanto mais o tempo passa e as coisas voltam a funcionar, mais eu preciso. Eu penso e sinto todos os dias, e por todos esses momentos, talvez perdidos, eu tenho uma lágrima. Muitas dessas lágrimas foram embora e me abandonaram, outras vão e voltam com saudades de mim. Mas, apenas uma lágrima está guardada dentro do meu coração, perto de todas as cicatrizes e todas as gotas de sangue que ainda escorrem dele em alguns momentos. Essa lágrima é a minha esperança. Enquanto ela estiver lá, no lugar dela e bem guardada, eu estarei viva. Se essa lágrima me deixar, então, eu também me deixarei. E viverei vazia, sem vida e sem querer. É a lágrima da perda, aquela que deixamos sair quando perdemos alguém para sempre. Quando esse alguém se foi e não tem mais sorrisos e abraços. Quando esse alguém não tem mais um coração batendo em seu peito.         Minha lágrima de esperança é o que me faz sorrir e ter vontade de fazer. E eu sei, que mesmo que...

Eu sei a cor das estrelas O lado oculto da Lua O brilho do Sol. Eu sei o que se esconde no escuro O caminho do Arco-Iris O fim da história. Eu sei o barulho do silêncio  O gosto da água  A mistura das cores. Eu sei que nada sei E por não saber nada,  Eu sei TUDO.

E quando eu olho as estrelas Todos os invernos passam Criam esse inferno dentro do meu coração. Agora, eu sei. Com toda a certeza que certamente me faltava e ainda me falta. Com todo o desespero que antes eu tinha e agora me devora E com todas as lágrimas que antes me consumiam e agora secaram. Agora, eu sei. E sabendo, eu sei que não saber é o que eu faço O tempo todo, todo o tempo. Esse tempo que não se mede Não se acha e não se acaba E todo o meu saber Eu deixo. E deixando, eu existo.

Eram tantos os porquês e tantos os motivos.  É engraçado, às vezes, parar para pensar em tudo o que acontece ao seu redor.  Em todas as coisas incríveis que passam por nossas vidas, todos os segundos E que nós nem percebemos ou nem nos importamos.  São tantas as coisas que vão e que vem, tantas vidas que passam por nós. Tantos sorrisos e tantas lágrimas  E nem por um momento, paramos para nos importar.  Quantas pessoas no mundo estão nesse momento de  olhos fechados? Ou em suas janelas, olhando para o céu, lembrando de momentos bons? Pedindo a algum deus que guarde as suas vidas e as vidas daqueles que amam. Quantas devem estar, nesse momento, pensando que as suas vidas são descartáveis.  E quantas, devem estar deixando a dor escorrer pelos seus olhos? São tantos os porquês da vida, que vão e que voltam sem avisar  Que acontecem sem a gente nem perceber.

O tempo passou, mas eu ainda não me sinto completa. Continuo sentindo o mesmo, mas, estou mais feliz.  Tempo, tempo, tempo, tempo. Será ele o salvador dos meus dias e o motivo da minha paz? Paz essa que não existe sempre, mas é o suficiente pra me fazer seguir os dias e esperar pelo amanhã, por enquanto.  Espero que essa paz continue no meu coração e que eu possa sorrir pra sempre. Mesmo que falte um pedaço de mim e mesmo que eu queira esse pedaço de volta desesperadamente, eu estou me sentindo melhor. E é assim que a vida continua e é assim que eu sou.